Astrea era uma sacerdotisa de Sehanine e cultuava a lua e o
amor em uma pequena vila élfica chamada Latria. Possuia um filho e uma filha. O
primeiro, Garland era um guerreiro extremamente habilidoso treinado em artes
assassinas e devotado em proteger a vila, sua mãe e sua irmã. Dahlia, no
entanto, desde pequena foi poupada de aprender sobre batalhas e dedicava-se
mais ao aprendizado de artes, principalmente danças, e era uma das principais
dançarinas nos cultos a Sehanine. Dahlia sempre gostou muito do irmão e se
entusiasmava muito com suas habilidades pedindo frequentemente para que ele a
ensinasse a lutar, sem muita alternativa, Garland dava algumas aulas escondido
de sua mãe e aproveitando as aptidões corporais e destreza de sua irmã.
Astrea - Sacerdotisa de Sehanine |
Os três formavam uma família muito unida e eram os únicos
humanos a morarem nesta vila. Aos 17 anos, Dahlia é pedida em casamento por Gwyn, por quem
já era apaixonada há mais de dois anos, o casamento ocorreria em breve, seria
um grande acontecimento, todos na vila estavam muito exaltados, e casamentos
são grandes celebrações do amor quando se trata de seguidores de Sehanine. Tudo estava perfeito, a lua crescente no céu expressava o
sorriso da Deusa do amor e abençoava a ocasião.
Astrea organizava a cerimonia no templo, enquanto toda vila
aguardava Dahlia que realizaria sua última dança sozinha, no alto da colina,
iluminada apenas pela lua, bailaria em transe durante horas em maneira de
produzir um estado de comunhão com a Deusa antes de se entregar ao amor de seu
amado.
Dahlia se concentra em sua dança e percebe que mais do que
uma reorganização simbólica ela sente seu corpo se desorganizar, já havia
sentindo este fenômeno outras vezes, mas nunca tão intenso. Estas sensações
novas a deixavam com receio, mas havia também muito prazer nisso, uma
naturalidade indescritível e que parecia esquecida. Na medida em que perdia sua
forma, uma sensação de vertigem tomava conta mas era contida pela excitação de
uma perspectiva de possibilidades infinitas. Aos poucos, deixava a confusão de
lado e se entregava a este caos corpóreo de intensidades, foi uma sucessão de
instantes divinos, encontrara realmente a Deusa, e neste momento, um Eu, um
corpo, uma consciência, não importam em relação ao infinito da divindade.
Ao fim de seu baile, deitada na grama da colina, contemplava
a pele pálida de sua nova forma, e no entanto, sentia como antiga, como
verdadeira... Um misto de terror e deslumbramento coloriam o tempo.
Interrompida por um cheiro de fumaça, Dahlia, em instantes volta a sua forma
humana e corre em direção a vila apenas para encontrar, todo aquele cenário que
conhecia desde a infância, em chamas.
Um desespero surreal toma conta da noiva “-Isto não pode
estar acontecendo, a Deusa ainda está me fazendo sonhar?”
Dahlia corre em direção ao templo, rastros de sangue e
membros destroçados guiam o caminho, a todo o momento se esforça para não
desmaiar ao reconhecer pelos pedaços seus amigos de infância, seus professores,
seus vizinhos...
Ao subir as escadas do tempo, a primeira imagem a se formar
no horizonte é a de sua mãe, ela está erguida ao alto, apenas ao continuar subindo
pode-se perceber que Astrea ocupava a ponta de uma gigantesca espada e era
empalada por um grotesco guerreiro em armadura cor de vinho, que arremessa a
sacerdotisa em direção as escadas de encontro a sua filha que corre para tentar
ajudar a mãe.
Neste momento, Grahf, olha em direção as duas e por debaixo
de seu elmo assustador, uma voz ainda mais assustadora pronuncia:
Grahf - Seeker of Power |
-Pela sua cara de desespero parece que encontrei meu alvo,
depois de 17 anos...como é difícil matar um transmorfo, você me obrigou a matar
todos estes elfos apenas para te encontrar, um efeito colateral mínimo, não é,
minha filha?
Dahlia se recusava a acreditar no que estava acontecendo, em
prantos, revelava sua forma original, sem controle, assustando Gwym, que estava
sendo carregado pelo pescoço por Grahf. Com muito esforço, Gwym consegue
sussurar algumas palavras:
-Seu Pai? Meu amor, o que está acontecendo? O que houve com
seu corpo?
Abraçando sua mãe semimorta, Dhalia não parava de chorar,
não sabia o que fazer, tudo parecia estar fora de controle, sua voz, seu corpo,
seu mundo.
Gwym tenta conjurar uma chama poderosa na tentativa de se
livrar de Grahf, mas este parece imune e devolve o fogo ao conjurador que
começa a se contorcer em chamas para em seguida ter o pescoço esmagado pelo
punho de seu agressor separando sua cabeça de seu corpo flamejante.
Astrea começa a fazer algumas preces irreconhecíveis na
medida em que Grahf se aproximava para dar o golpe de misericórdia. O
guerreiro, com um chute afasta Dhalia de sua mãe e a arremessa em direção as
escadas. Grahf retira sua espada encravada em sua antiga amante e ameaça
desferir um último golpe quando é interrompido por Garland, já muito ferido,
pula sobre o vilão e monta-o sobre seus ombros e começa a desferir uma série de
golpes com uma adaga e que pouco parece funcionar contra a armadura
impenetrável de seu adversário. Neste instante Grahf pega Garland pela cabeça
com apenas um punho e o arremessa ao chão, realizando em um só movimento um
ataque com sua espada que esmaga se atacante imediatamente, fazendo com que
seus pedaços sejam lançados em direção a sua irmã, que neste instante vinha
correndo em vão na tentativa de conter seu pai.
Grahf dispara uma bola de fogo em direção a Dhalia que tenta
esquivar mas é atingida no braço que queima brutalmente. Ao cair no chão, ainda
gemendo, se depara com um risco prateado no meio da escuridão, a lâmina de seu
pai atinge de raspão o seu olho direito e sua visão enrubesce. Dhalia começa a
escutar a voz de sua mãe e corre em sua direção recebendo uma série de cortes
em suas costas e pernas desferidos com uma velocidade sobre-humana e que
espantosamente parece não incomodá-la. Ao chegar próximo de Astrea, a filha
reconhece as últimas palavras de sua mãe como uma prece que inunda Dhalia de um
brilho prateado na medida em que a própria lua parecia brilhar mais forte. A
sacerdotisa usa seus últimos momentos para conceder a filha uma benção que
poderá dá-la alguma chance de sobreviver. Em seguida, despede-se da filha e
abraça definitivamente os braços da Deusa.
Dahlia, abençoada pelo amor de sua mãe, da Deusa, de seu
irmão, e de seu noivo, avança em direção ao seu pai, recolhendo a adaga de
Garland no chão e usando-a para atacar vigorosamente o vilão. A lâmina da
adaga, inexplicavelmente consegue romper as defesas de Grahf e perfurar sua
garganta, levando o gigantesco guerreiro ao chão, sem vida.
Dahlia, ainda em cima de Grahf, recupera sua forma humana e
começa a sentir a gravidade de seus ferimentos, terminando por perder a
consciência.
Dias depois Dahlia acorda em uma cabana, Selen e Yurt são os
moradores e parecem ter cuidado dela, eles começam a fazer uma série de
questões em relação ao ocorrido em Latria, Dahlia não possui muitas lembranças
e as poucas que existem estão confusas, O casal não parece acreditar e começam
a culpá-la pelo ocorrido, neste momento, a voz de Dahlia começa a mudar, uma
voz masculina se faz presente, a voz de Garland:
-Vocês podem me culpar a vontade, não aliviará a culpa de
vocês, um casal que vive de saquear aldeias e vender escravos, não há nada mais
perverso e condenável do que a escravidão e eu sei que vocês me mantiveram vivo
até agora apenas por que já conseguiram negociar minha liberdade!
Yurt: -Mas como? Tomamos sempre cuidado para que você
continuasse dormindo enquanto negociávamos!
Dahlia/Garland: - Nem por isso eu deixei de ouvir... Mas
mais do que isso, eu não sou estúpido, esses grilhões, essas rações,
equipamentos usados, tudo isso me levou a deduzir, e então, eu apenas tive que
blefar...
Selen: -Não sei que tipo de bruxaria é essa, mas com um
corpo masculino talvez você até valha mais no mercado, uma pena que tenhamos
que sacrificá-lo agora...
Ao anoitecer, Dahlia acorda e encontra seus anfitriões
mortos e a porta destrancada, chocada: -Quem poderia ter feito isto com eles? E
por que me poupariam? O que está acontecendo?
Dahlia decide assumir a forma de Selen e partir para cidade
mais próxima.
Dahlia - The One Who is Torn Apart |
Trivia:
-Grahf era um transmorfo obcecado
por poder que pretendia sacrificar sua filha após o nascimento para forjar um
pacto com um Deus desconhecido. Obrigando Astrea a fugir com sua filha e se
esconder em Latria.
-Garland, filho de Grahf e Astrea,
era um assassino renomado que decidiu abandonar a carreira ao saber da situação
de sua mãe e dedicar-se a proteger Dhalia.
-Garland e Astrea são humanos,
Garland, tecnicamente, seria um meio-transmorfo, mas não herdou a capacidade de
se transformar.
-Dahlia, após o episódio do dia do
casamento, suprimiu boa parte de suas memórias, seu ódio e tristeza, rompendo
sua personalidade em duas. A personalidade Dahlia, sabe o que aconteceu, mas
não acessa os afetos e sentimentos envolvidos, ela possui um entendimento pobre
e racional acerca do acontecimento e desconhece a personalidade Garland. Ela
sofre pelos acontecimentos, sente as perdas, mas não lembra dos detalhes mais
brutais. Em alguns momentos, a personalidade Garland assume e muda o corpo para
a forma do irmão, Garland é onisciente em relação ao restante da personalidade
e guarda todas as memórias e sentimentos e tenta proteger o restante do Eu de
ter que encará-las.
-Dahlia, por conta das
circunstâncias se tornou cada vez mais irônica e sarcástica como uma forma de
lidar com parte de suas dores e a permite ter certa sagacidade e jogo de
cintura em relação ao mundo.
-A persona Garland, embora forjada
para parecer o irmão, justo e protetor, frequentemente se comporta como Grahf,
cruel e manipulador, como forma de extravasar a agressividade e ódio contidos
de Dahlia.
-Na medida em que Dahlia se
desenvolve ao longo da história, ela consegue assimilar melhor os
acontecimentos e resgatar suas memórias elaborando-as de uma forma mais madura,
e, assumindo seu ódio, consegue cada vez mais enfraquecer o rompimento,
incorporando as características de Garland como suas e totalizando sua
personalidade.
-Dhalia, em sua forma original,
possui o braço direito marcado por queimaduras, uma série de cicatrizes e
marcas nas costas e nas pernas e uma cicatriz na região do olho direito que
atravessa o rosto verticalmente.
Dahlia/Garland |
Dahlia |
Dahlia |
Oh, muito boa. Adorei a personagem. Ficou bacana essa dissociação da personalidade atrelada às habilidades de doppelganger. Parabéns! :)
ResponderExcluirAhhh, adorei o fato de a história estar ilustrada, hehe!
ExcluirAquela é a minha Pawn?! UAHUAHUAAHUA Ta ficando famosaaaa!! \o/
ResponderExcluirValeu Carol! XD
ResponderExcluirÉ ela sim Yure, a Ayia, sempre me acompanhando auahuauahauh